quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
São doces, ternos, imensos...
os teus olhos.
Suplicantes, sequiosas, quentes...
as tuas mãos.
São chorosos, pesados, saudosos...
meus pensamentos...
Por ter ausente o amor que me arde no coração.
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Favos de mel
Respiro devagar e deixo-me divagar num pensamento que se arrasta com com alguma serenidade.
De repente, enquanto falo contigo é como se a mão de Deus pousasse no meu ombro e eu me sentisse confortada na imensidão fastidiosa dos dias comuns.
Nesta aura de azul celeste e branco, fecho os olhos.
Embala-me essa voz de açucenas e travo a favos de mel.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Inspiração sintética
Conheceram-se há 55 anos. Criaram os filhos com dedicação. Vieram os netos… a criançada a revirar a casa. Os anos passaram. Resolveram tirar uns dias para reviver velhos tempos. Era final de Outubro.
Rumaram ao Gerês. Na chegada, a atmosfera exalava um odor de folhas vermelhas e alaranjadas. No quarto com vista para o rio a paisagem parecia robusta mas delicada. Era um fresco acabado de pintar. Acordavam cedo. Tomavam o pequeno-almoço na esplanada. Sorriam um ao outro. Depois saíam a redescobrir os trilhos que há anos haviam explorado. Reviviam percursos de vida.
Regressavam à noite, esgotados. As luzes quentes que emanavam da Pousada convidavam-nos a sentar à lareira e beber um vinho maduro. No final do dia, abraçados, sonhavam com a reencarnação deste amor, neste local de ternas recordações.
quarta-feira, 6 de maio de 2009
É quando leio o teu rosto
Que percebo a candura da vida
E que só sinto ternura
Se me iluminares todas as manhãs
Com a tua doce presença
E o teu (mais que tudo) sorriso
Como é bom acordar!
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Adoro dar-te aquele bom dia
Recheado de amor, bem gostoso,
Debaixo dos cobertores.
Adoro acordar-te pela manhã
Ronronando ao teu ouvido,
Espreguiçando lentamente o meu corpo no teu,
Fazendo aquela suave pressão
Nas tuas pernas e no teu peito.
Adoro roçar a minha pele na tua,
As nossas peles que exalam um calor semi-adormecido
Com uma ternura palpitante e premente.
Adoro percorrer-te então o corpo com beijos
Subindo do peito ao pescoço,
Do pescoço ao queixo,
E do queixo aos teus lábios sequiosos de miminhos.
Adoro, então, quando acordas
E dizemos em unissono 'bom dia'
É, então, que os nossos corpos se recebem
Prontos a festejar um novo dia.
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
Medo
Como se ela fora tudo
O que houvesse na vida
A preservar
Como se sem ela
Se perdesse o momento
E sem a sua tinta
Se dispersasse o pensamento
A emoção e o pranto
Por becos frios e escuros
Sem causa de dor ou espanto.
Escondo-me nas palavras
E escrevo-te
Como se estivesse agora
Fora de mim
E os sentimentos
Não fossem difusos
E estas lágrimas
Não corressem confusas
E o meu coração
Não batesse por ti.
E neste engano envolvente
Do que de errado sinto mais honroso
Guardo nestas linhas um segredo
Feito de teimosia permanente
A roçar o triste e tenobroso
Sentimento que é o medo.
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Faz-me mulher!
Até a voz me doer
E a garganta latejar naquele assalto
perpetrado pelo nosso querer
Faz-me consolidar a espuma
que enleva a minha embebe condição de mulher
e nos braços do homem que amo
faz-me firme, crescer, crescer!